A Igreja Católica Apostólica Romana, com mais de dois mil anos de história, sempre abrigou uma diversidade de pensamentos, culturas e expressões de fé. No cenário atual, essa pluralidade é especialmente visível nas posturas chamadas de “conservadoras” e “progressistas”. Embora eu nao goste muito destes titulos e, muitas vezes apresentadas como opostas, essas correntes não precisam ser causa de divisão. Pelo contrário, podem coexistir na unidade da fé, desde que permaneçam enraizadas na doutrina, na caridade e na fidelidade ao Magistério.
O que defendem os católicos conservadores?
Os católicos identificados como conservadores geralmente se caracterizam por uma forte ênfase na continuidade da tradição da Igreja. Valorizam a liturgia tradicional, como a Missa Tridentina, e a preservação dos ensinamentos morais e doutrinários conforme formulados ao longo dos séculos. Também demonstram uma cautela com mudanças rápidas e uma preocupação com o relativismo moral. Para eles, fidelidade à doutrina e reverência à autoridade papal e eclesial são pilares fundamentais.
O que defendem os católicos progressistas?
Por outro lado, os católicos progressistas tendem a enfatizar a necessidade de uma Igreja que dialogue com os tempos modernos e às realidades contemporâneas. Defendem maior abertura para discussões sobre temas como o papel da mulher na Igreja, a acolhida de pessoas LGBTQIA+, a reforma litúrgica e a descentralização da autoridade. Valorizam o espírito do Concílio Vaticano II, especialmente no que diz respeito à escuta do povo de Deus e ao compromisso com as causas sociais.
A possibilidade da unidade
Apesar das diferenças, tanto conservadores quanto progressistas professam a mesma fé, participam dos mesmos sacramentos e reconhecem o Papa como sucessor de Pedro. A unidade da Igreja não está na uniformidade de opiniões, mas na comunhão com Cristo e com a doutrina central da fé católica. A diversidade legítima pode ser uma riqueza, desde que esteja ordenada à caridade e não à disputa.
O próprio Papa Francisco, frequentemente visto como um líder de inclinação progressista, tem reafirmado a importância de preservar a doutrina ao mesmo tempo em que encoraja a escuta, o discernimento e a misericórdia. Assim como Bento XVI, mais identificado com a tradição, também reconheceu a necessidade de renovação e diálogo com o mundo atual.
Conclusão
A Igreja Católica é, por essência, "católica" — isto é, universal. Essa universalidade abrange culturas, idiomas e sensibilidades espirituais. Se conservadores e progressistas tiverem o mesmo amor por Cristo, o mesmo respeito pela Eucaristia e a mesma obediência sincera à Igreja, então é não só possível, mas necessário, viver a unidade. A comunhão não exige concordância em tudo, mas sim fidelidade à Verdade e compromisso com o amor. Como nos recorda São Paulo, "há muitos membros, mas um só corpo" (1Cor 12,20).
Nenhum comentário:
Postar um comentário